Continuando minha viagem, passamos por cada lugar lindo. Subindo a serra, vimos lugares que vendem queijos e vinhos, uma gracinha. Ah, se eu tivesse um carro...
E as montanhas... desenhadas por séculos de ações da natureza.
Procurei absorver cada detalhe que passasse por meus olhos.
Até que... paramos. Não acreditei. Um engarrafamento? 10 minutos, 20, 25 minutos parados. Um acidente, só pode ser. Mas até aqui esses engarrafamentos me perseguem? Já não basta a Av. Brasil diariamente?
Começamos a andar. Oba, legal, agora vamos.
Cinco minutos depois, de novo. E aí ficamos uns 30 ou 35 minutos. E andamos de novo. E paramos de novo.
Acontece que estão alargando a pista e em determinados trechos da serra o trânsito passa a ser de mão única. Então, fecham um lado e abrem outro. Depois alternam. E depois alternam de novo.
Sei que cochilei umas duas vezes sem sair do lugar.
Relaxa Fátima. É a vida!
Quando finalmente chegamos a Teresópolis, parecia que estávamos em uma daquelas cidades do sul do País, igual às fotos e vídeos que assistíamos na televisão.
Tão fofinha, tão engraçadinha, tão limpinha. Os prédios são diferentes, o visual é diferente, tudo é tão... tão... diferente!
Rodamos um pouco pela cidade e chegamos à rodoviária.
Credo, o que é aquilo? Uma cidade tão bonitinha com uma rodoviária daquela? Até a rodoviária de Campo Grande é melhor que aquilo!
Três minutos depois que descemos, minha filha virou um picolé.
Eu, com a adrenalina a mil, sentí o vento gelado mas nem fiquei arrepiada.
Agora, meu próximo passo era encontrar o ônibus que iria me levar na entrada de Albuquerque.
Pergunta daqui, pergunta dali, chegamos a uma lanchonete cujo atendente foi muito gentil. Explicou-nos direitinho onde poderíamos pegar o ônibus, disse que ele passava de hora em hora, e que passaria um às 18h.
Deu tempo para fazermos um lanchinho e, com a mala de 30Kg embaixo do braço, lá fomos nós.
Mais perguntas pois como estamos em uma cidade desconhecida, errar o ponto de ônibus era a última coisa que queríamos.
Paradas no ponto, observamos as pessoas e o local. Muitas lojas, muito movimento. Poucos ônibus.
Reparei que existem poucos animais de rua em Teresópolis. E os poucos que vimos, eram grandes e gordos.
Será que os cachorrinhos abandonados daqui são melhor tratados? Espero que sim.
O tal ônibus da 18h não veio, nem às 18:15, nem às 18:20. Ah é, somos todos brasileiros. Embora tenha a impressão de estar em outro país, estou mesmo é na terra brasilis. Desrespeito ao horário é uma epidemia nacional.
Enquanto mantinha contato com o monge por telefone indicando minha atual localização, resolví entrar no ônibus para Vargem Grande que, de acordo com minhas orientações, também passaria no ponto de encontro.
Fomos muito bem tratadas também. Percebí nesta cidade que as pessoas parecem mais atenciosas, mais educadas do que no Rio. Todos dão informações com um sorriso no rosto e explicam direitinho o caminho a seguir. Parabéns ao povo de Teresópolis.
Finalmente chegamos ao ponto de encontro onde já havia uma mulher que também estava esperando o monge para seguirmos viagem.
Foi somente então que comecei a sentir frio. Agora, com o caminho quase completo, meu corpo percebeu que a temperatura estava abaixo do que estava acostumado e deu sinais de congelamento nas mãos e nos pés.
Bravamente e ansiosamente, fiquei aguardando a chegada daquele que iria nos conduzir ao retiro.
Deste momento em diante procurei me desligar do relógio e quando ele chegou, feitas as apresentações, seguimos seu carro adentrando o mato, passando por sítios, fazendas até chegarmos ao Ashram Vrajabhumi.
Que local lindo! À noite não podemos ver a beleza total do lugar mas já deu para sentir a pureza do ar em nossos pulmões.
Fomos recebidos por um dos responsáveis pelo Ashram que nos deu a chave do nosso quarto, convidou-nos a nos alojar e, em seguida, descer para o jantar.
Ficamos em um quarto com uma cama de casal e uma de solteiro. Torcemos para não termos que dividí-lo com ninguém pois eu e minha filha queríamos privacidade.
O quarto era todo em madeira (paredes e chão).
As toalhas da cama de casal estavam dispostas em formato de coração. Por cima, colocaram um sabonetinho de erva doce com florzinhas secas. Uma gracinha.
Exploramos o quarto, muito animadas. Essa porta que aparece na foto dava para o banheiro. À direita havia outra porta que dava para a varandinha.
Os quadros faziam alusão à Krishna pois o local é, na realidade, residência dos devotos de Krishna e tudo, comida, vestimenta e costumes, são relacionados a essa religião.
Nos acomodamos, deixei finalmente minha bolsa de 40Kg em um canto (que, se vocês perceberam, começou nossa aventura com 10Kg mas foi aumentando gradativamente com o tempo - rs).
A comida foi bem simples mas muito saborosa: sopa, verduras e legumes, molho, suco de beterraba com laranja e algo mais que não me lembro. Tudo muito gostoso.
Após esta ceia voltamos ao quarto, tomamos banho tendo o cuidado de temperar bem a água pois estava muito frio, e fomos dormir.
Finalmente havíamos chegado e agora estávamos ansiosas para que o local atendesse nossas expectativas, que eram: paz, yoga, meditação, auto-controle.
Continuo no próximo artigo, onde levarei vocês a um mundo totalmente diferente da agitação urbana.
Aguardem!
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