Fiz o ENEM este ano!
Sim, meus amigos, esta é uma declaração bombástica. No alto
dos meus 5.4 outonos, resolvi que finalmente vou realizar um sonho da minha
juventude: me graduar.
Quero fazer a faculdade para me satisfazer. Assim, pura e
simplesmente. Quero sentir a emoção de receber um diploma de curso superior,
com direito à beca e tudo. E agora, não me sinto pressionada a fazer uma
faculdade porque desejo seguir uma carreira profissional, ganhar status ou ter
melhores chances de emprego, não... Não mais. No passado desejei fazer Direito
(porque na época trabalhava com advogados), Administração (minha área de atuação),
Pedagogia (cheguei a fazer um período em 1981!)... Foi uma adolescência sem fim
mas agora meus objetivos são outros.
Mas não estou escrevendo para contar um pedaço da minha
vida. Resolvi fazer essa postagem porque gostaria de expressar minha opinião
sobre o ENEM de 2017.
Vamos partir do princípio de que minha opinião no sentido de
que achei difícil não tem muito peso, já que terminei meu 2º Grau em 1978
(noooosssssaaaa) e, logicamente, sem cursinho, não seria fácil acompanhar todas
as matérias e suas atualizações no transcorrer de quase 40 anos. E não me
esforcei muito também, admito.
Entretanto, como curiosa e leitora ávida que sou, li e
assisti vídeos dos jovens, recém saídos do ensino médio, fresquinhos, e que também
acharam o exame extremamente difícil.
Após analisar, cheguei a uma conclusão muito pessoal. Sigam
meu raciocínio:
O ENEM não mais emitirá certificado de conclusão aos alunos
que estariam encerrando o ensino médio este ano ou aos alunos que concluíram o
EJA (antigo supletivo). Portanto, deixou de ser uma avaliação do ensino médio
como era antigamente. Por outro lado, o MEC fez alterações sensíveis na grade
curricular e passou a oferecer formação técnica profissional - mas somente nos
casos em que o aluno permaneça em período integral na escola. As competências avaliadas
pelo ENEM deste ano, bem como seu nível de dificuldade somente deveriam ser cobradas
daqui a três anos, quando a nova geração do ensino médio estaria se formando e pretensiosamente
aptos a realizar o exame.
Quanto aos estudantes, somente aqueles que não necessitam
ajudar financeiramente em casa poderão ter acesso à formação técnica. Resultado:
nas faculdades, somente a elite (como no passado) e à classe baixa (sem poder
aquisitivo) restará concluir o ensino médio (ou não) e continuar ocupando vagas
da classe proletária, sem perspectiva de aposentadoria, com cortes em seus
benefícios e direitos por conta da reforma trabalhista, tentando apenas
sobreviver.
Agora me digam: como estará o Brasil daqui a 5 ou 10 anos?