10 de mar. de 2012
Eufemismo
Olá, estive afastada por um tempinho e peço desculpas.
Hoje vou falar sobre eufemismo porque estou fazendo um curso de Locução - realização de um desejo de décadas - com o competente profissional Marcio Seixas, um dos melhores locutores e dubladores do Brasil, e durante os dois primeiros meses estaremos realizando exercícios de articulação, onde existem pequenos textos que precisamos ler com precisão e em apenas um fôlego.
Acreditem, não é muito fácil...
Quer experimentar?
Leia os textos abaixo em voz alta, sendo que você deve encher bem o pulmão de ar e ler sem entonação nenhuma, o que chamamos de leitura linear. Cada texto em um fôlego:
"Ele era portador de diastemia e sua oclusão se dava através de um complexo deglutir de alevinos capturados à sombra de guainumbiapiratis e escrofulariáceas."
"A arara alarada na ararandéua alapardada do ararandeuara arfava pela aragem da aramagem que eriçava a arará e não falava quando o alarve araliáceo iconoclasta ordenava: fala a rala fala arara loura."
"Sapos a roqueijar pombos a turturilhar erus a grugrulejar pelicanos a grassitar cigarras a estridular camelos a blaterar onças a esturrar compõem uma sinfonia inigualável no seio da floresta."
"Sou eu ou é a aia uauaense em meio às elites aterrorizadas pela ictiopsofose emanada do peixe-elétrico a capturar o inofensivo teleósteo siluriforme."
E então, conseguiu? Achou fácil ou teve alguma dificuldade? Comente!
Enfim, temos quatro páginas somente com textos assim, o que me fez lembrar de um e-mail que recebí há algum tempo falando sobre eufemismo.
Para quem não sabe, eufemismo é uma figura de linguagem utilizada para substituição de alguns termos por outros, consistindo em transformar expressões pesadas em palavras mais suaves, como por exemplo: você faltou com a verdade (você mentiu).
Então, juntando os texto das minhas aulas com o e-mail recebido, vejam como falar de forma mais coloquial e inteligente:
Prosopopeia flácida para acalentar bovinos.
(Conversa mole pra boi dormir)
Colóquio sonolento para fazer bovino repousar.
(História pra boi dormir)
Romper a face.
(Quebrar a cara)
Creditar o primata.
(Pagar mico)
Inflar o volume da bolsa escrotal.
(Encher o saco)
Derrubar, com a extremidade do membro inferior, o sustentáculo de uma das unidades de proteção solar do acampamento.
(Chutar o pau da barraca)
Deglutir o batráquio.
(Engolir sapo)
Derrubar com intenções mortais.
(Cair matando)
Aplicar a contravenção do João, deficiente físico de um dos membros superiores.
(Dar uma de João sem braço)
Sequer considerando a utilização de um longo pedaço de madeira.
(Nem a pau)
Sequer considerando a possibilidade da fêmea bovina expirar fortes contrações laringo-bucais.
(Nem que a vaca tussa)
Derramar água pelo chão, através do tombamento violento e premeditado de seu recipiente com a extremidade do membro inferior.
(Chutar o balde)
Retirar o filhote de equino da perturbação pluviométrica.
(Tirar o cavalinho da chuva)
A bucéfalo de oferendas não perquiris formação ortodôntica.
(A cavalo dado não se olham os dentes)
E para terminar, essa não irei traduzir. Vamos ver quem consegue traduzir:
O orifício circular corrugado, localizado na parte ínfero-lombar da região glútea de um indivíduo em alto grau etílico, deixa de estar em consonância com os ditames referentes ao direito individual de propriedade.
Conseguiu entender?
E os textos de locução?
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